segunda-feira, 25 de maio de 2020

Retalhos

Juntando o tecido da vida,
Tecendo uma colcha alegrias,
Assim age a mão querida,
Da mãe, da avo, e das tias.

Cozendo os retalhos do destino,
Carregando mais que sabedoria,
Remendando a tristeza do menino.
Colocando botoes na camisaria.

Com o que que costuram,
Talvez até com linha de clemencia,
Entre elas juntas murmuram,
Segredos, amores e sua existência.

Com o bordado, com as agulhas,
Ou com a maquina e sua destreza,
Vão abafando as loucas fagulhas,
Que queimam a vida e a beleza.

Fazem do pano uma boneca,
E dela a alegria da menina,
Com um boné alegram o careca,
Com linha e tecido vestem sua sina.

Vestem ao simples e ao nobre,
Com as cores de seus carreteis,
Versos ricos em rimas pobres,
Nos dedos não levam tanto anéis.

As costureiras são como artistas,
Vestindo as telas de tanta gente,
Com estampas, bolinhas e listas,
Deixam cada sorriso mais contente.

25/05/2020



Mãos Calejadas

Seu moço, uma coisa diga,
De onde vem o seu alimento,
Antes que a conversa prossiga,
Quem é que prove teu sustento.

Tem gente acordando cedo,
Laborando a terra sem parar,
Aplicando no solo um segredo,
Para as cidades bem sustentar.

O leite, o trigo, milho e a soja,
O cafezinho coado de manhã,
O Algodão das roupas na loja,
A laranja, a uva, a pera e a maçã.

Trabalho pesado mão sofrida,
Apesar do progresso aliviar,
Muito mudou nessa vida,
Mas muito ainda pode mudar.

Não que seja de todo ruim,
O campo tem suas vantagens,
O Homem do campo é assim,
Se orgulha das suas imagens.

Guarda pra si a alegria,
Se contenta com que tem,
Escreve no olhar sua poesia,
A terra lhe guarda e sustem.

Ao Trabalhador Rural a gratidão,
Por seu suor e trabalho benigno,
Que garante a boa alimentação,
Promovendo um sustento digno.

25/05/2020





Linha de Montagem

Quais as peças que se encaixam,
Tudo é ligeiramente produzido,
Em massa os tempos passam,
Mais do que o pedido é atendido.

O Homem dominou a maquina,
Com ela fez mil maravilhas,
Enquanto preenche cada lacuna,
De seus estoques em varias pilhas.

A Economia toca um hino,
Que globaliza todo o consumo,
Desde o grande ao pequenino,
Consumir mais é o único rumo.

Até a obsolência é programada,
Preenchida com esforço e trabalho,
Tudo se acaba até a própria vida,
Industrias preenchem cada ato falho.

Revoluções mudam o emprego,
Mudam o meio ambiente, a vida,
Trocam de uns pra outros o sossego,
Mudando as formas como se lida.

Eis o peso enorme da produção,
Que sustenta as cidades e lares,
Essencial e sempre em locomoção,
Rumo a atender todos os lugares.

Numa linha onde se encaixa tudo,
Embora as vezes necessite mudança,
Para que o consumidor não fique mudo,
Industrias devem produzir até a bonança.


25/05/2020



Adoção de Ideias

Dizem que os pais são perfeitos,
Triste distorção de alguns fatos,
São Homens e mulheres eleitos,
Para viver seus próprios relatos.

Nem tudo sai como se desejas,
As vezes são jovens demais,
Ou o despreparo faz surpresas,
E suas reações quebram a paz.

Triste distorção de sentimentos,
Entre outros fatos do destino,
Deixam em difíceis momentos,
Sem saber se é menina ou menino.

Crianças que os pais perdem,
Precisam de outros caminhos,
Buscam abrigos que os cerquem,
Da falta de amor e de carinho.

A Ideia é uma simples teoria,
Mas os fatos nem sempre seguem,
Há no mundo muita burocracia,
Nem sempre querem e conseguem.

A adoção é um ato de amor,
Uma ideia a ser adotada,
Cuidar de quem não se gerou,
Gerando laços de caminhada.

Eis que adotar é acolher,
Trazer para perto e cuidar,
Tornar filho de um viver,
Ao que mais necessita, amar.

25/05/2020