quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Damnare Perfectionis


Maldita seja esta palavra,
Imperfeita por existir,
Essa condenação tão alva,
Que condena Todo Existir.

Essa tão vã perseguição,
Pelo impossível de alcançar,
Ao menos neste plano, não,
Perfeito ser é em vão tentar.

Acordar buscando a perfeição,
É quase extinguir a si próprio,
Mesmo agindo de todo coração,
O perfeito jamais será sóbrio.

Cansam se, enlouquecem,
Os que desejam apenas o perfeito,
Falhar pertence aos que crescem,
Evoluir as vezes nos fere o peito.

Maldita perfeição opressora,
Dos que julgam tudo com olhar,
Sem ver que perfeito pois não fora,
E se compras por aí outro julgar.

Perfeição ensandecida,
Que julga ser acima de tudo,
Capaz de julgar morte e vida,
E tornar o profeta, mudo.

A plena consciência apenas diz,
O perfeito, do caos apenas, nasce,
Perfeito e quem souber sorrir Feliz,
Mesmo que o mundo todo se acabasse.

17/01/2019





quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Rabiscos

O lápis com a ponta quebrada,
Rabisca o que não querem ler,
A vida e tão feita de um nada,
Que dá medo as vezes de ser.

Quem disse isso não entendeu,
Que toda alma se reconstrói,
E mesmo a noite que escureceu,
No surgir do dia tudo constrói.

As dores riscam e rabiscam,

O papel a tudo aceita,
Mas entre luzes que piscam,
Pra se viver não há receita.

Nem tudo que arde cura,

Mas no passado foi dito,
Que a vida é alegria e tortura,
Tortos caminhos, mundo bendito.

O lápis com a ponta afiada,

Risca o medo e toda a dor,
Há quem se reconstrua do nada,
Há quem se refaça no amor.

Rabiscos não podem falar,

De tudo que o coração sente,
Viver é bem mais que sonhar,
Quem não sente dor só mente.

Mas riscos desenha a vida,

Com suas retas e curvas linhas,
O mundo é tudo que se duvida,
E certeza de tantas coisinhas.

29/11/2018




Medo Maldito

Toma corpo o que se detesta,
A mentira tem forma humana,
E a detestável é tão bela,
Que deixa qualquer mente insana.

Os espíritos dizem que é boa,

Que as vezes é necessária,
Sem a mentira nada se entoa
Nem o canto nem as vaias.

Toma corpo o que se teme,

O medo é apenas uma defesa,
A alma perante ele treme,
E se encanta com falsas belezas.

A vida segue seu curso,

Até que chegue o seu fim,
E a rosa roxa no percurso,
Demonstra que é sempre assim.

Acreditar pode até magoar,

Às vezes fere profundo,
As dúvidas em um amar,
Destroem a qualquer mundo.

E a Negra magia do poeta,

O faz desmaecer sem poder,
A vida se torna incerta,
Seria melhor não nascer?

Espírito o que queres aqui?

Vieste já sei me acalmar,
Para que quem amo, possa sorrir,
E juntos a alegria compartilhar.

29/11/2018






Queria

Quem dera ter o poder,
De não desejar tanto certas coisas,
De tudo que é certo fazer,
De não complicar tantas outras.

Queria ter o poder,
De não querer, ter poder,
Quem sabe assim poder,
Dar fim ao que faz doer.

Queria ter as mãos sujas,
Apenas do meu próprio sangue,
Não sentir culpa de falhas cujas,
As quais não me fazem inocente.

Queria ao mundo os abrir,
Ainda que uma vida levasse,
De longe eu iria sorrir,
Se ao menos, bem tudo ficasse.

Não posso mudar a tudo,
Exceto a mim pois, me alcanço,
Se o cada é parte de um mundo,
Me levanto depois que descanso.

Voa cada um voo de criança,
Para ser feliz como desejar,
Afinal sempre ao poeta resta,
A vontade de ao tudo inspirar.

Hei de respirar meus doces sufocos,
Talvez me afogar em algumas lagrimas,
Eternamente poetas são apenas loucos,
Tentando não se perder nas vidas e rimas.

29/11/2018