sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Me arresponda pur favô

"Me arresponda meu sinhô,"
Que destino será o dessa gente,
Que tanto se acha "superiô",
A ponto de se desfazer de gente.

Me diga pra onde vai,
Todo esse desprezo descrente,
De quem vê Deus como Pai,
Mas não tem nem, o irmão em mente.

Mente descaradamente,
Diz não precisar de ninguém,
Mesmo com a morte em frente,
Acha que está tudo tão bem.

Gente que esperneia na terra,
Dizendo que tudo é um inferno,
E acha que sempre está em guerra,
Depois vem jurar amor eterno.

Pra onde vai essa gente,
Será que família isso tem,
Ou esse bicho é inocente,
Ou acha que é Deus seu refém.

Será que isso pensa, razão,
Ou só justifica seus atos,
Que que tem isso no coração,
Que o "zoio num" enxerga os fatos.

Desfaz do simples com ódio,
Corrige o mundo ao falar,
Se acha vencedor, em seu pódium,
Mas deixa seu amor pó virar.


14/11/2014


terça-feira, 11 de novembro de 2014

Filosofia Desbocada


Antes de declamar, perdão peço,
Pelas palavras que hei de cuspir,
São vômitos de um triste processo,
Que meu pensar não pode digerir.

Pode parecer esdrúxulo,
Mas que se f... rasgue o verbo,
O fazer é muito mais chulo,
Do que as palavras são ao cego.

A maior prostituta é a língua,
Filha da p... que se dá pelo prazer,
De escarrar opiniões pela rua,
Pensadas por quem tem poder.

Falar do erro alheio é como doce,
Gozo da língua, p... sem sentidos,
Estupro da pobre e sofrida realidade,
E assédio sexual aos ouvidos.

Palavras grandes, enormes imensas,
Louco delírio nos bordéis de línguas,
Impublicáveis palavrões das imprensas,
Que ditam e editam tumores e ínguas.

Quem tem boca vai a Roma,
Besteira nas ruas discursos perdidos,
Deveriam ao menos sair do coma,
E pensar em andar mais unidos.

Mas por m.... de cor ou quilate
Raça, crença e sabe se lá o que,
A língua se dá nas esquinas, boates,
Para santa a si mesma, querer ser.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Dança da chuva

Nem cá, nem lá se imaginava,
Que tal seria a situação,
Na terra onde asa branca migrava,
Ter dias de árido sertão.

O povo na rua protesta,
Pede o que nem conhece,
Grita por coisas nas praças,
Sem ver que outro mal lhe adoece.

Numa dança de opiniões trocadas,
Farpas secas, sem sentido,
Sem a água todos são nadas,
Nadando no pó desmedido.

Dançam as nuvens celestes,
Esperada festa dos Céus,
Quem mais livra o povo de pestes?
Cobre a chuva, o chão com seu Véu.

Dança menino na rua,
Quem manda a água não é o homem,
Molha o chão a terra nua,
Brota alimento e todos comem.

Poder maior não se verá,
A multiplicação do alimento,
Mãe natureza prove de graça,
O que o homem cobra em tormento.

Dança das águas Divindade,
Molha o chão e a Alma,
Aos loucos traz sanidade,
E aos irritados dá calma.


04/11/2014



quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Piscar

Não se fechem os olhos,
Sem sentir o abençoar,
Sem o maior dos sentidos,
Sem sentir o que é amar.

Se, se cerram as pálpebras,
Tantas vezes pelo dia,
Não se tornem, vistas cegas,
Os olhos de quem lê esta poesia.

Há em tudo magia bela,
Não é preciso ir tão distante,
Basta mirar os olhos na janela,
E fitar o que vê num instante.

Há casas, pessoas e parques,
Crianças, jovens e adultos,
Muitos soltos em seu viver,
Outros presos a seus Lutos.

Num piscar de seus olhos,
Podes despertar um amor,
À primeira vista, por outros,
Mas na essência, interior.

Tire a pressa de seu olhar,
Pois o correr é enlouquecido,
Só a calma pode alterar,
O que a pressa dá por perdido.

Deixa estar o que não muda,
Planta o que podes ver crescer,
Que ao piscar, o olho desnuda,
Os males que travam ao viver.


23/10/2014